Não é o Covid-19 que banaliza a beleza da vida,
mas a imoralidade fria, perversa e indiferente,
de nossas elites aristocráticas e dos políticos,
ante o rosto e a dor dos pobres e vulneráveis.
Não é a pandemia que ameaça a dignidade da vida,
mas a aceitação tácita e a naturalização religiosa,
diante dessa ignóbil e abjeta desigualdade social,
e desse capitalismo financista devorador de vidas.
Não é o isolamento social sanitário imposto que incomoda,
mas esta cultura individualista que globaliza a indiferença,
diante da interpelação ética do olhar e da dor da exclusão,
diante das vidas ceifadas por motivos torpes e imorais.
Com esta lucidez a flor da pele, que questão mais importa?
Será esta busca de como sustentar nosso fio tênue e frágil
que chamamos de fé, de esperança, de sonho ou de utopia,
e que teimosamente nos fazer crer que amanhã será melhor?
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 01 de agosto de 2021.
Desabafo em forma de poesia durante a pandemia do COVID-19.
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