Por que procuravam te prender?
Por que, o quanto antes, queriam te matar?
Que fizeste de tão grave, oh Filho do Homem?
Quando é que nós vamos reconhecer,
que os profetas e profetisas de ontem e de hoje
são sempre perseguidos pelos poderosos,
porque eles são subversivos e perigosos,
porque “colocam o dedo na ferida”,
porque “colocam a boca no trombone”
porque denunciam as causas da opressão,
porque anunciam o advento de um novo tempo,
porque alimentam o horizonte da esperança,
porque ficam ao lado dos pobres e oprimidos?
Por que eles procuravam te encarcerar?
Por que tantos faziam de tudo para te eliminar?
Que fizeste de tão perigoso, oh Profeta da periferia?
Quando é que nós vamos reconhecer,
os graves conflitos de nossa história,
conflitos de classe, de sexo e de poder,
e que Tu não vieste, simplesmente,
para ser mais um preso torturado,
um condenado a morrer crucificado,
mas que Tu foste, sim, fiel ao teu Abba,
que Tu permaneceste firme até o fim,
e que Tu deste a tua vida pelo Reino,
a fim de que todos tivessem vida?
Por que te prenderam e torturaram?
Por que te condenaram a morte na cruz?
Que fizeste, oh Profeta do Reino da Justiça?
A beleza, a profundidade e a seriedade
da leitura de fé que fazemos de tua morte,
– Tu morreste na cruz para nos salvar do pecado –
não pode justificar a anulação de tua história,
desconhecer os traços de tua práxis libertadora,
ignorar o conteúdo de teu profetismo do Reino,
esconder as causas de tua condenação à morte,
omitir a tua perseguição religiosa e política,
inocentar aqueles que tramaram a tua morte,
e atenuar a tua entrega fiel ao projeto do Pai.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 01 de abril de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (João 7, 1-2.10.25-30).
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