Não há vida nova sem libertação do egoísmo

Nada de referendar o poder de uns sobre os outros,
Nada de justificar a tirania do homem sobre a mulher,
Nada de legitimar a soberania da lei sobre o amor:
Não, não há vida nova sem libertação do egoísmo.
 
Teus discípulos foram confrontados com a tua luz
perceberam os graves perigos da hipocrisia,
entenderam os riscos do fermento dos fariseus,
ficaram cientes das tentações do legalismo patriarcal.
 
Teus discípulos foram interpelados à luz do Evangelho
a discernir com lucidez e a optar pelo princípio central do amar:
o que funda e sustenta a família, a sociedade e a comunidade de fé
é a força mútua do bem querer, a igual dignidade de homem e mulher.
 
Teus discípulos ao contemplarem a beleza irradiante de tua luz
perceberam nas crianças a vivacidade da raiz original do amor
e eles encontraram os fundamentos de tua liberdade, Rabi,
diante da adúltera centralidade do poder das leis e das tradições.
 
Que a chama libertadora do teu Evangelho da liberdade e da justiça
seja, para as famílias, para a nossa sociedade e para a tua Igreja,
fonte de sabedoria para que assumam, com o vigor de profecia,
a centralidade fundante do amar e do cuidar da igual dignidade.

Belo Horizonte, 03 de outubro de 2021.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Marcos 10, 2-16).

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