Não é nada fácil, Senhor Jesus,
mesmo para os teus discípulos,
acreditar que a cruz e a morte
não têm o poder da última palavra
e enfrentarmos de cabeça erguida,
as grandes tormentas desta vida,
perseverando ancorados pela fé,
no breu das longas noites escuras,
e crer que são tempos de travessia,
e que, apesar do sangue derramado,
amanhã, sim, teremos nova aurora,
pois Deus é sempre fiel à sua Aliança!
Neste contexto de tantos crucificados,
pela indiferença que produz famintos,
pela acumulação que gera miseráveis,
pela exclusão que impede a cidadania,
pela elite econômica abastada e corrupta,
que manipula e mantém seus privilégios,
pela apropriação política que impede
os pobres de ter terra, teto e trabalho,
pela cultura patriarcal que legitima
a violência doméstica e o feminicídio,
como impedir que o medo nos paralise
e os poderosos nos roubem a esperança?
Ante a vitória dos poderosos deste mundo,
nós sentimos as nossas forças diminuírem,
e vemos nossa esperança ser posta à prova,
por isso, para continuar a seguir o Caminho
e teimar na presença libertadora do Reino,
envie sobre nós a luz e a força da Divina Ruah,
para termos aquela coragem de tuas discípulas,
Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago,
e de todas as outras mulheres que te seguiam,
e assim enfrentarmos nossos medos profundos!
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 15 de fevereiro de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 24, 1-12).
Foto: Registro de Ir. Dorothy Stang, assassinada em 12/02/2005, por sua luta em defesa da vida.
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