Quantas vezes, ao se apresentar,
para pessoas que o desconheciam,
usaste as tuas referências familiares
ou, até mesmo, a tua terra natal?
Certamente tu não te apresentavas,
como um descendente de Abraão,
ou um filho ilustre do rei Davi.
Fico a imaginar tua fala diferente
que dizia assim simplesmente:
“Sou o filho da dona Maria,
do senhor José, o carpinteiro,
sou lá do povoado de Nazaré!”
Embora isso não diga tudo sobre nós,
é muito importante fazermos memória,
leituras e releituras de nossas origens,
de nossas raízes, de nossas vivências,
de acontecimentos de nossa história…
São as vias necessárias para um ser,
caminhante e sempre em construção:
ter consciência de si e dos outros,
ter liberdade e senso responsabilidade,
e cuidar e repensar a própria identidade!
Receba a minha gratidão e admiração,
oh Maria e José, família de Nazaré,
pelo amor dedicado e o que fizeram,
ao acolher e cuidar do menino Jesus:
deram a ele identidade, fé e esperança,
senso de justiça e de profunda pertença
ao povo que caminha de mãos dadas
com o Deus Estradeiro e sempre Emanuel,
Goel que liberta de toda forma de opressão,
povo que mantém viva a aliança de Abraão,
e, com consciência de ser pobre oprimido,
é teimoso e intrépido, na luta e na labuta,
pela causa invencível: conquistar vida plena!
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 08 de setembro de 2021.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mateus 1, 1-23).
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